Monday 30 January 2023

“He was free, free in every way, free to behave like a fool or a machine, free to accept, free to refuse, free to equivocate; to marry, to give up the game, to drag this death weight about with him for years to come. He could do what he liked, no one had the right to advise him, there would be for him no Good or Evil unless he thought them into being.”

Jean-Paul Sartre, The Age of Reason

Sunday 1 January 2023

(re)começar.

Excelentíssimo Senhor Friedrich,
tenho a impressão de estar a ver agora o senhor,
no terraço do sanatório, ao amanhecer,
com o nevoeiro a cair e o canto a rebentar
nas gargantas dos pássaros.

Não muito alto, a cabeça como um projétil,
o senhor está a escrever um novo livro
e uma estranha energia flui de si:
parece que vejo os seus pensamentos como se fossem
grandes exércitos em parada

O senhor sabe que morreu a morena Anne Frank
e os seus colegas de escola e amigos, rapazes e raparigas,
os coetâneos, e as amigas dos seus amigos
e os seus primos.

Quero perguntar-lhe o que é que são as palavras, o que é
a claridade, porque é que as palavras continuam a queimar
passados cem anos, embora a terra
seja tão pesada.

É óbvio que não existe nexo entre a iluminação
e a obscura dor da crueldade.

Existem pelo menos dois reinos,
mas é possível que haja ainda mais.

No caso, porém, de não haver Deus e de nenhuma força
estabelecer conexões entre elementos antagônicos,
o que é que são então as palavras e qual é a origem
da sua luz interior?

E qual a origem da alegria?
E qual o destino do nada?
Qual a morada do perdão?
Porque é que os sonhos pequenos se dissipam ao chegar do dia
enquanto os grandes continuam a crescer?


Adam Zagajewski – Conversa com Friedrich Nietzsche

envelhecer

o tempo vai passando por nós e não sabemos exactamente o que fazer dele. envelhecemos. pensamos que ficamos mais sábios, mas estamos apenas ...